Casa destelhada

Heliodora
– MG. 25 de junho de 2007

 

Ilmo. Sr. Luciano Huck

Programa
“LAR, DOCE LAR”

TV.
GLOBO – PROJAC-RJ

Rio
de Janeiro-RJ.

                                      Prezado
Luciano Huck:

Sirvo-me da
presente para encaminhar a V.Sa., objetivando a participação de seu fenomenal
programa “LAR, DOCE LAR”, a história da “CASINHA DESTELHADA” de minha autoria,
com a esperança de que a mesma toque o seu coração.

Ei-la na
íntegra:

Benedito
Jaime de Souza, vulgo: Dito Mélia, é um lavrador de 89 anos, com muita
experiência de vida, uma pessoa muito querida na comunidade heliodorense, honesta,
sincera, batalhadora, prestativa, preocupada com a família.  Como lavrador, formou muita lavoura de arroz,
feijão, café, mandioca e, ainda, continua produzindo com a mesma disposição. É
muito respeitado nos serviços da lavoura, tendo muito a nos ensinar neste
setor, haja vista no que diz respeito à produção de hortaliças. Apesar dos seus
oitenta e nove anos, desafia em vigor e atividade qualquer rapaz de vinte. “O
canto do galo, pela manhã, é para ele familiar e o sol encontra-o sempre de pé,
e em pé o deixa ao esconder-se”. Só ele sabe como é duro cuidar de uma
plantação, pois, para conseguir o arroz, o milho, o feijão, a farinha, tem de roçar,
esburacar, derrubar, queimar, encoivarar, cercar, plantar, limpar, combater as
pragas, colher. E tudo isso com a força dos braços, usando somente a enxada, a
foice, o machado e o facão. Não é qualquer um que enfrenta um trabalho tão
pesado.

Essas
qualidades têm a sua origem em uma longa experiência adquirida à custa de muito
sol e muita chuva em campo descoberto. Tal experiência faz dele um lavrador
consumado, o que por todos é confirmado, sem esforço de malquerenças e maledicências.
Diz o ditado popular que: “quem mais faz menos merece” e que “mais vale quem
Deus ajuda do que quem muito madruga”; mas desta vez vê-se que o ditado é desmentido,
ou pelo menos que o fato das madrugadas não excluíra o auxílio providencial,
porque Dito Mélia conseguira adquirir sua casinha, fazendo-se necessário frisar
que para sua família jamais faltou o pão de cada dia.

Infelizmente,
Ali pelos meados de abril de 2004,
a casa que construíra com o suor de seu rosto
transformara-se em cinzas. O
incendiário nada mais era do que seu filho, detentor de problemas mentais. De
repente, esse grande batalhador se viu ao relento e, mesmo assim, não se
entregou ao desespero, não se esmoreceu. Passou a morar com uma de suas filhas,
dando continuidade a labuta. Conseguira, com muito esforço, recuperar parte da
casa. Entretanto, apesar de toda a persistência, não conseguiu até hoje dar
conta de cobrir sua casinha, dando ênfase àquela famosa musiquinha:

Era
uma casa

toda
em brasa

que
o seu filho

incendiou.

 

O que sobrou dela

foi
a janela,

a
parabólica

que
não queimou.

 

Ninguém podia

entrar
nela não

pra
ver o Huck

na
televisão.

.

Sensibiliza
a mim, Raquel de Oliveira, a história de vida desse grande personagem, pai de
um grande amigo meu, o Flávio, cujo apelido Nechia. Toca-me profundamente ao vê-lo
defronte à casa destelhada, todas às tardes, sentado em um banquinho.

Movido por
essa sensibilidade, tomei a iniciativa de procurar o meu colega de serviço,
Waldir Damasceno, no sentido de promover um trabalho de restauração de sua
casinha, proporcionando-lhe o conforto que merece. Como não tenho capital para
tal finalidade, veio-me a idéia de inscrevê-lo no Programa LAR DOCE LAR. E
assim a chama da esperança encarna-se na pessoa do Luciano Huck, via Programa
“Caldeirão do Huck”. Por que não recorrer a este programa que tem ajudado muita
gente?  Afinal, para que cultivar o
orgulho nesta altura do campeonato? Dito Mélia já não é mais um garoto, pois em
suas costas pesa-lhe oitenta e nove anos.  E assim persiste aquela famosa musiquinha:

Só o programa

“Lar, doce
lar”

que pode
agora

nos ajudar.

 

 Amigo Huck

 nos dê a mão,

 nos chame logo

 pro Caldeirão.

 

 A nossa casa

 ta sem telhado

 e o sô Dito

 necessitado.

 

Dito Mélia,
apesar de ser o trabalhador que é, não deixa de cerrar fileiras entre os milhões
de brasileiros pobres do interior do país que carecem de tudo e não têm nenhum
direito. O interior está estagnado, não conta com a ajuda de ninguém.
Entretanto, animo-me com a perspectiva da ajuda, via programa “Caldeirão do Huck.
Por que não tentar? Apenas quero cobrir a sua casa e, por outro lado, os seus
oitenta e nove anos não lhe dão o luxo de viver sem um teto. Afinal, é uma
pessoa que merece pelo grande guerreiro que é. Pai de doze filhos, todos
gerados de um único casamento com Dona Maria José que durou trinta e três anos.
Começara a trabalhar com oito anos de idade e da mesma forma que é um bom pai,
foi também um bom filho, nunca faltando amor no seio familiar. Não quero muito,
apenas quero minimizar um pouco de seu sofrimento. Entendo que a restauração de
sua casa poderá ajudar nesse sentido. Dito Mélia já fez muito por este país e o
país nada por ele. Já que o Brasil não cumpre o seu dever social, quem sabe um
brasileiro o fará. Este brasileiro será, sem dúvida, o Luciano Huck.

Depois que se
tornou viúvo, manifestou sempre pelos filhos uma solicitude denunciada por
sacrifícios de causar hesitação aos mais extremosos. “É certo que esta
solicitude não se revelava por meiguices por não fazer parte do seu gênio”, mas
através do trabalho sacrificado e desmedido em prol dos mesmos.  São doze filhos, todos bem criados. Um deles,
o Geraldinho – é como ver a ele, o pai; “a mesma expressão de franqueza no rosto,
a mesma compleição, a mesma musculatura, o mesmo tipo”.

Eis que
novamente, a vida lhe faz outra travessura. A morte leva um de seus queridos
filhos. O sofrimento redobra-se. Agora a falta da casa já nem lhe representa o
maior sofrimento. O amargor tomou conta de seu interior em face do episódio
triste do pai enterrando o filho. Deveria ser ao contrário, pensou ele,
completamente amargurado. Realmente, Como deve estar o seu coração de pai
diante deste grande impacto? Mas a vida continua e o Senhor Dito, o pai que
teve o filho assassinado sem motivo, é obrigado a seguir a sua vida sem a
presença do mesmo e, da mesma forma, continua sem o teto de que tanto precisa.

Mesmo na
impossibilidade de fazê-lo feliz com a reconstrução de sua casa, necessário se
faz que a reconstrução ocorra com urgência no sentido de deixá-lo menos
infeliz. Trata-se, realmente, de uma pessoa especial, jamais guardou ódio no
coração e entregou o seu sofrimento a Deus e Deus, em contrapartida, dá-lhe
forças para suportá-lo. 

Caro Luciano
Huck, apesar de todo o drama, o Senhor Dito, temos certeza, receberá a sua
ajuda, com muito amor no coração – e certamente será para ele uma espécie de
alento espiritual. Seria o lado bom da humanidade interagindo em sua vida de
sacrifícios. É como se você o estimulasse a acreditar que a vida ainda vale a
pena e que o mundo não é de todo cão. Será sim, para ele, um lenitivo à sua dor
e ao mesmo tempo um conforto por saber que o bem ainda teima em prevalecer
sobre o mal sob a dinâmica do amor.                        

Raquel
de Oliveira

 

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